domingo, 5 de agosto de 2018
Orgulho de ser um homem que gosta de homens.
A primeira vez que senti orgulho de ser homem que gosta de homem foi em 1980. Não me lembro o dia exato. Sei que foi perto do aniversário da minha mãe.
Morávamos juntos: mamãe e seus cinco filhos.
Eu fui flagrado chupando um primo meu e, apesar de eu não saber, esse flagra havia sido urdido pelo primo que me comia e a empregada de casa.
Passei vários anos da minha vida me penitenciando por gostar de ser enrabado pelo meu primo e por outros amigos da minha idade. E da(s) minha(s) cidade(s)! É claro, Recife e Olinda, depois São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília não poderiam ficar de fora do meu crescimento enquanto pessoa e, principalmente, enquanto homem que ama homens.
Mas, voltando ao papo:
Eu já havia notado que “tinha boi na linha”. Havia um clima meio pesado no ar. Eu já imaginava o que estava pra acontecer.
Minha mãe já tinha dito, várias vezes, que queria falar comigo e que eu não saísse, pois antes de dormir, ela queria falar comigo. Só que ela dormia e eu escapava e ia às minhas farras no Bar Boleta, no Bar Atlântico, no Bar do Ninho, na Sé, na Conde da Boa Vista, Praça Adolfo Cirne, Rua Ulhoa Cintra (JesusTeChama), no Recife. A pegação nesses lugares eram muito boas e se trepava muito à beira-mar, em Olinda.
Mas, voltando ao meu primeiro Orgulho, foi no dia em que resolvi que seria AQUELE DIA o DIA D!. O dia em que me libertaria de todos os medos de ser quem eu sou.
Pela manhã, ao acordar e ir ao banheiro fazer o de praxe, ao ficar de frente pro espelho, cumprimentar e dizer:
BOM DIA, BICHA!
Confesso que foi a MINHA LIBERTAÇÃO. Quem quisesse , podia me chamar de frango, de bicha, de veado, de frutinha. Nada disso me ofendia mais. A partir daquele “bom dia, bicha”, nada mais me afetou quanto a ser quem eu sou.
Foi esse o meu dia do ORGULHO.
Ago por volta do mês de outubro de 1980.
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